Geoprocessamento e softwares livres

A utilização de produtos cartográficos cuja finalidade atenda aos pressupostos da sustentabilidade, bem como ao planejamento administrativo, por muito tempo esteve à mercê das tecnologias geoespaciais de alto custo. No entanto, o desenvolvimento científico e tecnológico, orientado à proposição de soluções, que atendam as mais variadas camadas da população, tem impactado de maneira positiva as condições dos usuários das tecnologias da Geoinformação. 


Essas tecnologias atingem as diversas camadas sociais, direta ou indiretamente, e são utilizadas para finalidades das mais variadas. Focaliza desde a curiosidade humana, em projetos de desenvolvimento científico a aplicações cotidianas na administração pública, incluídas no planejamento de ações estratégicas, inerentes as demandas que surgem no cotidiano (LONGLEY et al., 2013). 


Portanto, a utilização de software livre atende a usuários inseridos nos diversos contextos. Proporciona redução de custos, evocada nos bastidores da administração pública e, assiste a capitalização para usuários incorporados em outros setores da sociedade. Fator impossibilitado, quando da utilização de um software comercial, que geralmente é oneroso. 


Destaca-se, em meio a ampla gama de programas relacionados à análise espacial, aqueles cuja funcionalidade possibilita executar tarefas essenciais de um SIG satisfazendo a acurácia necessária. Destes, reconhece-se a capacidade e importância daqueles que são mais conhecidos (gvSIG, OpenJump, TerraVIEW, GeoServer, VsceneGIS, GISVM, IpeaGEO, entre outros), porém, neste livro se enfatizam os mais popularizados e difundidos regionalmente. A seguir são apresentados alguns programas que estão em destaque. 



O SPRING (Sistema para Processamento de Informação Georreferenciada), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) figura como o software livre mais utilizado regionalmente. Este possui elevado leque de aplicações e seu uso tem sido difundido no ambiente acadêmico constantemente (SANTOS et al., 2010). Uma especificidade do SPRING é sua capacidade operacional voltada, principalmente para análise de dados matriciais; tarefas como classificação de imagens, estudo com uso de modelo linear de mistura espectral, e inúmeras outras operações estão disponíveis neste aplicativo. 


O SAGA - Sistema de Análise Geoambiental, criado pelo Professor Xavier e sua equipe no laboratório de Geoprocessamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro, corresponde a um programa que tem sido utilizado constantemente no meio universitário. Seu impacto principal diz respeito a possibilidade de utilizar a ferramenta denominada árvore de decisão, a qual facilita as aplicações do software. Xavier da Silva e Zaidan (2004) apresentam uma série de aplicações desta plataforma, mostrando sua eficiência enquanto ferramenta de apoio na análise espacial para tomada de decisão. 


O KOSMO é um software que utiliza da linguagem de programação Java e conta com funções avançadas. Atualmente o programa está sendo desenvolvido a partir da plataforma JUMP GIS. O Kosmo é utilizado para visualizar e processar dados espaciais. Sua interface é de fácil entendimento e conta com uma série de códigos livres. Os dados que podem ser utilizados nessa plataforma são do tipo vetorial, raster ou um banco de dados. É um programa que permite trabalhar com imagens georreferenciadas, e também conta com diversas extensões que permitem melhor usufruir das funcionalidades desse aplicativo (PAZOLINI et al., 2013). 


QUANTUM GIS (QGIS) corresponde a um software SIG com uma interface gráfica simples e atraente, escrito em linguagem C++ e Python, é baseado nas bibliotecas Qt4. É livremente distribuído com a licença GPL (General Public License - Licença pública geral) e, é um projeto oficial da Open Source Geospatial Foundation - OSGeo (MANGHI et al., 2011). Este programa possibilita certa facilidade ao usuário, permitindo executar tarefas básicas mesmo com pouco treinamento. O software QGIS se constitui uma ferramenta de domínio público sob licença livre. Além disso, há uma gama de tutoriais desse aplicativo pela rede mundial de computadores; isso facilita a utilização do mesmo tanto em repartições públicas quanto em casos privados, como, por exemplo, alunos de cursos de graduação e pós-graduação.


Referências

LONGLEY, P. A.; GOODCHILD, M. F.; MANGUIRE, D. J.; RHIND, D. W. 2013. Sistemas e Ciência da Informação Geográfica. (Tradução de André Schneider et al.). 3ª ed. Porto Alegre – RS: Bookman. 540p. 2013. 

MANGHI, G.; CAVALLINI, P.; NEVES, V. Quantum GIS: Um desktop potente e amigável Revista FOSSGIS, Ano 01. Ed. 02. pp 10 – 15. 

PAZOLINI, T. U. et al. Representação de Fenômenos Geográficos com apoio de Sistemas de Informação Geográfica IN: Anais do 14º EGAL - Encuentro de Geógrafos de América Latina. Peru, 2013. 

SANTOS, A. R.; PELUZIO, P. M. O.; SAITO, N. S. SPRING 5.1.2 - Passo a passo: implicações práticas. CAUFES. Alegre – ES. 2010. 153p. 

XAVIER-DA-SILVA, J.; ZAIDAN, R. T. (Org.).; Geoprocessamento e Análise Ambiental - Aplicações. 1a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. v. 01. 368 p 

O livro abaixo, lançado pela Oficina do Texto, apresenta os pressupostos básicos da análise por Geoprocessamento, utilizando QGIS. Vale a pena a leitura.  Trata-se de um livro físico, com imagens de alta qualidade. Lê-lo, te fará adentrar ao fantástico mundo do maior software livre de Geo de todos os tempos. Lembre-se, tornar-se um especialista leva tempo e exige muita dedicação. Vamos pra cima! Clique no livro e confira.